Meu isopor novo

on 26 de janeiro de 2011

Podemos ir ao supermercado com a intenção de fazer uma compra grande ou pequena.
Via de regra, usamos cestinhas para as pequenas, mas hoje vou falar da compra grande.
Pegamos o carrinho e lá vamos nós pelos inúmeros corredores coloridos, cheios, apetitosos, atraentes... Vamos colocando o necessário e o desnecessário dentro do carrinho, as vezes, conscientes da “inutilidade” de certos produtos, mas nem sempre...
O que importa é comprarmos tudo o que precisamos e não precisamos para aquele mês.
O que importa é gastar e nos sentirmos felizes a curto prazo, e desesperados quando chega a fatura do cartão de crédito.
Aproveito e pego um isopor novo...aquele antigo lá de casa, deve ter uns 6 anos e não está mais conservando os alimentos... Enfio o isopor novo no carrinho abarrotado de compras, tão abarrotado que os produtos já estão pendurados, quase caindo...Sendo que há espaço dentro do isopor. Mas ele está embalado em um plástico. É novo. Não dá para abrir e simplesmente enfiar uns sabonetes e pastas de dente lá, produtos que estão caindo do carrinho.
É assim que tenho vivido nos últimos meses. Minha vida é um carrinho de supermercado. Vou encontrando cursos, afazeres, esportes, compromissos e enfiando lá...Na hora é excelente, só percebo o quanto isso me cansa nos finais de semana, quando não há mais forças.
Contudo ainda há uma caixola nova e vazia, o meu isopor novo, que não pode ser preenchido com qualquer coisa. É preciso o alimento certo, o alimento que deve ser conservado. Me “apaixonei” quatro vezes nos últimos tempos e, de verdade, não me apaixonei nenhuma. Era só uma tentativa de tentar preencher o meu isopor com sabonetes e pastas de dente. Caixola nova, porque a velha joguei fora. Utilizei o isopor velho dos 14 aos 20 anos, sempre esteve conservando alguma coisa...até que trincou e acabou quebrando. Precisei de um novo, mas este novo nunca foi preenchido. É inútil, porque pesa mais por estar vazio. Quero preenche-lo, porque isso me faz bem, mas não tenho expectativas positivas com relação a isso.
No final das contas descobri que não sou “apaixonável”, que não sou uma pessoa iludida, sou é carente. Aquela carente que não se assume carente, porque se acha superior a estes sentimentos terrenos. Aquela carente que não se acha carente, porque não tem tempo para isso. Aquela carente que só se descobre carente, quando a vida dá uma folga e ela percebe que ainda tem um vazio lá... Aquela carente que não se acha carente, porque para ela tal sentimento é novidade. De fato, só essa semana descobri este estado de espírito que até então me era desconhecido.