Escrito por Regina Brett, 90 anos de idade.assina uma coluna no The Plain Dealer, Cleveland, Ohio.

on 25 de novembro de 2011

"Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi." Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto aqui vai a coluna mais uma vez: 1. A vida não é justa, mas ainda é boa. 2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno . 3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém. 4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato. 5. Pague o total seus cartões de crédito, nunca o mínimo. 6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar. 7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho. 8. É bom ficar bravo com Deus Ele pode suportar isso. 9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário. 10. Quanto a chocolate, é inútil resistir. 11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente. 12. É bom deixar suas crianças verem que você chora. 13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles. 14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele. 15. Tudo pode mudar num piscar de olhos Mas não se preocupe; Deus nunca pisca. 16. Respire fundo. Isso acalma a mente. 17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.. 18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte. 19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais. 20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta. 21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.. 22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo. 23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo. 24. O órgão sexual mais importante é o cérebro. 25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.. 26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?' 27. Sempre escolha a vida. 28. Perdoe tudo de todo mundo. 29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta. 30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.. 31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará. 32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso. 33. Acredite em milagres. 34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez. 35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora. 36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem. 37. Suas crianças têm apenas uma infância. 38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou. 39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares. 40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta. 41.. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa. 42. O melhor ainda está por vir. 43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça. 44. Produza! 45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.”

Uma doença, uma solução.

on 20 de setembro de 2011

E novamente uma doença me derrubou por alguns momentos me tirando da minha rotina louca e estressante.
Precisei faltar no cursinho, no estágio e na academia. Precisei reaprender a ficar quietinha em casa com os meus pensamentos e com o barulho da televisão. Precisei abrir aquela caixa de chá que comprei há meses e ainda não tinha usado por falta de tempo. Precisei ligar para casa e contar as novidades da última semana.
Por alguns momentos, acho que voltei a ser “normal”. Tive um pouco do “ócio”.

Percebi que uma paixão se tornou um bom amigo. E percebi que uma nova pessoa que nunca tinha visto antes se tornou, em pouquíssimos dias, uma paixão. Percebi que a paixão passa assim como uma vela dura poucos momentos depois de acesa. E percebi que a amizade é muito mais importante do que qualquer paixão boba e louca por aí.
Percebi que tenho muitos planos. Percebi que preciso me organizar melhor. Percebi que preciso dar mais atenção as pessoas que eu amo. Percebi que tenho pouco tempo para fazer meu projeto de mestrado que vai determinar todo o próximo ano.
Percebi que passar em um concurso público, constituir família, morar no interior e ter um restaurante é pouco. Percebi que agora eu quero crescer como ser humano, desenvolver todas as minhas competências e potencialidades. Percebi que eu posso fazer a diferença. Eu já sou diferente.
Percebi que preciso ficar mais tempo sem fazer nada para perceber as coisas a minha volta. Terminando todos os compromissos que já assumi, vou ficar um bom tempo sem assumir outros compromissos. Preciso deste tempo para refletir. Para me redescobrir. Estou com uma sede maluca de saber o que faz os meus olhos brilharem.
Minha inspiração vem do céu. Daquela sensação gostosa que sentimos quando acordamos e vimos um sol brilhando, ao mesmo tempo em que a pele começa a arrepiar enquanto esquenta. Da mesma forma, quando sinto aquela brisa noturna bater na minha face ao olhar para pontinhos brilhantes naquela imensa colcha escura que é o céu noturno.
Sei que quando tiver o meu sonho realizado sentirei estas duas sensações o tempo todo durante todo o tempo. Por hora, me resta sair em busca do que é o meu sonho. E depois, simplesmente, realizá-lo.

10 minutos no fundo do poço

on 8 de setembro de 2011

Cheguei no fundo poço e, desta vez, soube exatamente como sair de lá. Foi bem simples para falar a verdade, já tinha vivido esta experiência. Alias, o meu fundo do poço durou 10 minutos de reflexão há duas noites atrás.
Agora estou aqui na aula de Direitos Humanos do cursinho, estudando estatutos, tribunais internacionais e blá blá blá. Não consigo prestar atenção na aula porque preciso escrever sobre este tal fundo do poço. E outra...sei que sou perfeitamente capaz de estudar tal matéria em casa, qnd quiser, qnd puder, qnd estiver afim.
Pois bem, voltemos ao fundo do poço.
Com este final de curso todo conturbado e delicioso em cada pequeno detalhe desesperador e apaixonante, eu percebi que me tornei a pessoa que desejava ser há algum tempo atrás.
Conquistei tudo o que eu queria durante a faculdade de direito. Muitos planos ainda estão em execução e dão um tremendo trabalho. Contudo, não estou feliz com isso tudo. É pouco. Quero mais. E daí volto a um texto bem antigo onde falo da minha eterna insatisfação.

Triste, viu?! Já almejo outras coisas, outras pessoas, outras vivências. Sei que vou alcançar, assim como alcancei este momento que um dia já foi sonhado. E isso foi o suficiente para me tirar do tal fundo poço: a certeza que um dia vou viver tudo o que eu sonho agora. O grande problema é que o nosso tempo é bem diferente do tempo do mundo, então, quando finalmente agarramos o que almejamos no passado, isso já não mais nos satisfaz, isso já não tem a mínima “graça”...
Dileminha chato esse. E por isso, resolvi parar de planejar e querer. Uma pequena experiência. Farei isso por algumas semanas, depois conto o que aconteceu. Talvez assim quando eu alcançar alguma coisa eu ainda não esteja cansada destas idéias. Talvez seja algo novo e eu me surpreenda. Quem sabe?
Então parei. Não planejo, não sonho, não desejo, não quero. Vou simplesmente viver um dia de cada vez e ver o que acontece.

Do chão e do não, não passa

on 27 de agosto de 2011

Sentada em umas cadeiras posicionadas de frente para um corredor e uma sala envidraçada eu observava deslumbrada pelos vãos das persianas a justiça sendo feita.
Ao mesmo tempo me sentia cansada e a minha cabeça estava a mil, lembrando e pensando em todos os detalhes, palavras e gestos da noite anterior.
Hoje, um tanto quanto desiludida e feliz, pois ter que reviver sentimentos não é exatamente o que se busca quando já se sofreu bastante por motivos parecidos.
Desta vez, eu sei que passa, e que se eu quiser, passa rápido. Mas e a falta de vontade de querer? Por que você sempre acha que é desta vez que vai dar certo, mas no fundo, não é? Ou você simplesmente não sabe e está cansado desta ignorância.
Acredito em destino e que nada é por acaso. Também acredito na existência de um plano maior. Acredito em Deus, não obstante, creio que somos deuses de nós mesmos e das nossas vidas.
E depois de vinte e dois anos, o meu lema de vida é “do chão e do não”, não passa. Então, eu entro de cabeça em todas as coisas que eu desejo: trabalho, pesquisas, relacionamentos, projetos.
A minha fase de reconhecimento do terreno inimigo, ou melhor, do terreno desconhecido é bem rápida. Acredito que com o tempo, se torne cada vez menor. Muita gente se assusta com este meu jeito direto e nem um pouco sutil. Outros me julgam mal.
Já pensei em mudar. Contudo, fica a dúvida: se eu mudar, será que estarei sendo eu mesma? Será que estarei sendo natural? Será que vai me fazer bem ou só vai fazer bem aos outros? Será que eu não serei uma fraude?
Por estas e outras questões, prefiro ser este furacão.
Como diria o meu pai sou uma nuvenzinha, pois quando eu chego o tempo “escurece”. Não no mal sentido, mas no sentido de que as coisas mudam.
Como diria uma amiga sou uma brutinha, pois quando dou um conselho não importa o quanto doa ou o quanto a pessoa vai chorar com ele. Quando eu falo, falo o que penso e depois pondero. Talvez, o contrário, fosse mais recomendável.
Como diria um grande amigo com o qual eu não tenho mais contato, “A Jú te joga a verdade na cara e te destrói completamente”. É para isso que os amigos servem. Eles te ajudam a enxergar, depois estão ali para secarem as lágrimas e te ajudarem a levantar.
Bom, se você se assustou comigo, você tem duas opções. Ou você vai embora e fica sem me conhecer. Ou aos poucos você vai me conhecendo e este susto poderá se transformar em um relacionamento bacana, uma amizade ou um amor. #ficadicaleitor

Unusual

on 23 de agosto de 2011

Sempre me interessou o que está fora do senso comum.
Obviamente o diferente e o curioso sempre me atraíram.
Mais que aquela atração natural do ser humano pelas coisas misteriosas e inexplicáveis, mas sim, uma paixão obcecada por viver tudo aquilo que foge dos meus planos e expectativas tão idealizadas.
E como viver tudo isso sem se machucar?
Impossível, pois a graça e a beleza do inusitado está na possibilidade de nos machucarmos e lambermos nossas feridas e sentirmos o gosto salgado das nossas lágrimas.
E então? Quando acaba?
Não acaba. O gosto estranho pela aventura e pelo risco permeia a natureza, está entranhado no espírito humano. Contudo, nem todas as pessoas são aptas a serem amantes da vida. A vida de verdade. Aquela com gostos, histórias, lágrimas e sorrisos e gargalhadas.
Ários.

"Olha só que cara estranho que chegou"

on 22 de agosto de 2011

Quanto mais eu rezo mais assombração aparece.
Assombração daqueles com cabelos sedosos, óculos com aro grosso e um olhar profundo e marcante.
Assombração daqueles de falar manso, jeito cativante e sorrisos fáceis.
Assombração daqueles que conhecem sua situação de assombração e se utilizam disso para tirar as suas noites de sono. Noites de sono permeadas por sonhos possíveis, mas improváveis...será?
Daqueles moços que a primeira vista não são atraentes, mas que em uma segunda olhada fazem você se descabelar.
Daqueles moços de jeito simples e falar caipira que te lembram a infância.
Daqueles moços desarrumados, mas sempre com uma idéia inteligente e curiosa.
Quanto mais eu rezo mais assombração aparece.
Ó Deus, ó Santo Antônio. Eu ainda não quero me prender numa gaiola. Eu não quero ser um passarinho triste com horários marcados para cantar.
Quero apenas viver as sutilezas e os desesperos babacas do amor. Sutilezas as quais fizeram com que eu me tornasse uma pessoa extremamente bem resolvida nestas questões. Babaquices que tornam o amor um sentimento complexo, quando na verdade ele nada mais é que do que a nossa própria essência da vida.
Já tive as mais inimagináveis experiências e por um tempo isso me satisfez. Não mais.
Agora eu quero me apaixonar e ter esta paixão correspondida e vivida em todos os seus vértices mais obscuros e mais lindos. Assim como já me aconteceu por muitos anos com vários tipos. Tipos de todos os tipos tão divergentes e inconstantes como as histórias ouvidas por terapeutas em sessões de análise.
Como?! Não sei. Sei que me engano fingindo sentimentos. Alguns verdadeiros, outros meras ilusões e como ilusões são doces e anestesiantes. Como ilusões satisfazem por um tempo e nos ajudam a tocar a rotina, enquanto aguardamos, pois esta é a forma de perseguir o que almejamos com calma e sensatez. Paradoxal perseguir algo “parado” e com tamanha sensatez, quando na real, o tal do amor não tem nada de coerente.
Não, tal assunto não é passível de desfecho. Não por hora.

Memórias

on 21 de agosto de 2011

E o cheiro dos estalinhos me lembrou os tempos de infância. A noite chegou e junto com ela muitas lembranças. O meu coração batia docemente embriagado, loucamente apaixonado na mesma velocidade em que se podia ouvir os estalos. Cheiro de algodão doce e churros e os barulhos me lembraram as incontáveis férias que passei no interior de MG, as incontáveis noites que passei na companhia dos meus pais nas praças das cidadezinhas. Crianças correndo para lá e para cá, casais namorando nos bancos de concreto da praça, o verde escuro e úmido das árvores do jardim, os hippies vendendo seus artesanatos e a catedral grande e imponente na beira da pracinha. Os minutos passavam, a noite chegava, olhava no relógio e implorava para que me comprassem mais uma caixinha de estalinho para jogar nos pés das moças bonitas e dos rapazes desatentos. Corria, cantava, gritava me equilibrava de braços bem abertos na sarjeta e nos murinhos que cercavam os jardins. Agradeci aos céus por poder, depois de um dia não tão comum como todos os outros, me recordar destas sutilezas tão lindas, doces e infantis.

Texto de Maria de Queiroz

on 20 de agosto de 2011

"Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou." Maria de Queiroz

"Minha Vida" - Bertrand Russel

on 19 de agosto de 2011

"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governaram minha vida: o desejo imenso do amor, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas paixões, como os fortes ventos, levaram-me de um lado para outro, em caminhos caprichosos, para além de um profundo oceano de angústias, chegando à beira do verdadeiro desespero. Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase - êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procurei-o, também, porque abranda a solidão - aquela terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa, da margem do mundo, o insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, porque na união do amor vi, em mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi o que encontrei. Com igual paixão busquei o conhecimento. Desejei compreender os corações dos homens. Desejei saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender a força pitagórica pela qual o número se mantém acima do fluxo. Um pouco disso, não muito, encontrei. Amor e conhecimento, até onde foram possíveis, conduziram-me aos caminhos do paraíso. Mas a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra. Ecos de gritos de dor reverberam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desprotegidos - odiosa carga para seus filhos - e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor transformaram em arremedo o que a vida humana poderia ser. Anseio ardentemente aliviar o mal, mas não posso, e também sofro. Isso foi a minha vida. Achei-a digna de ser vivida e vivê-la-ia de novo com a maior alegria se a oportunidade me fosse oferecida". (RUSSEL, Bertrand, Revista Mensal de Cultura,Enciclopédia Bloch, n. 53, set.1971,p.83)

Memórias

on 16 de agosto de 2011

E o cheiro dos estalinhos me lembrou os tempos de infância. A noite chegou e junto com ela muitas lembranças. O meu coração batia docemente embriagado, loucamente apaixonado na mesma velocidade em que se podia ouvir os estalos.
Cheiro de algodão doce e churros e os barulhos me lembraram as incontáveis férias que passei no interior de MG, as incontáveis noites que passei na companhia dos meus pais nas praças das cidadezinhas.
Crianças correndo para lá e para cá, casais namorando nos bancos de concreto da praça, o verde escuro e úmido das árvores do jardim, os hippies vendendo seus artesanatos e a catedral grande e imponente na beira da pracinha.
Os minutos passavam, a noite chegava, olhava no relógio e implorava para que me comprassem mais uma caixinha de estalinho para jogar nos pés das moças bonitas e dos rapazes desatentos.
Corria, cantava, gritava me equilibrava de braços bem abertos na sarjeta e nos murinhos que cercavam os jardins.
Agradeci aos céus por poder, depois de um dia não tão comum como todos os outros, me recordar destas sutilezas tão lindas, doces e infantis.

Constatação

on 14 de agosto de 2011

À tarde encafifada numa sala de cursinho jurídico, em pleno sábado ensolarado, há um metro de uma televisão repondo uma aula de português que trata do assunto “crase”. Eis que surge a frase "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" que veio a calhar muito bem após uma noite mal dormida devido a uma paixaozinha antiga e morta. Valeu a pena sim, serviu para confirmar o que eu já imaginava. Que não há sentimento que não passe e que quanto mais somos ou temos, mais queremos. Quanto mais confiantes somos sobre nossa pessoa, menos aceitamos coisas pequenas ou sentimentos superficiais. Chegou o momento onde a existência de um envolvimento emocional faz-se mais importante do que aquela atração passageira que satisfaz superficialmente.

O sabor da conquista é amargamente doce

on 18 de julho de 2011

Amargamente doce. Café? Será que a conquista tem gosto de café?
Talvez. É amargo, mas doce, e ao mesmo tempo desperta e estimula.
Sim, acho que é este o sabor da conquista. CAFÉ.

Depois da primeira conquista, o êxtase é tão grande que não é possível se contentar somente com aquela vitória, é preciso mais e muito mais. A consquista é uma droga cujo efeito dura poucos segundos. Excessivamente extasiante. Excessivamente estimulante.

É preciso ter um certo cuidado com o ego para não se tornar uma pessoa insuportável e quem sabe, talvez, antissocial.

É comum que o empenho para as próximas conquistas seja tão grande que voce acabe esquecendo de viver a própria vida, pensando sempre no futuro e mais ainda no futuro. Até que você pára e pensa.

A consquista é eterna, mas o sabor é muito passageiro e agradável.

Por isso, eu estou desacelerando.

Gostaria de dizer que não quero mais consquistas por tempo indeterminado, mas isso seria uma tremenda irresponsabilidade quando já se está com milhões de compromissos assumidos, quando muitas pessoas dependem de voce.

Agora eu já sei o que eu quero. Terminando os projetos atuais, vou viver um bom tempo do ócio e me livrar desta droga viciante que é a conquista...pelo menos por alguns meses.

Consquistar cansa. Cansa muito. O melhor é ser consquistado, contudo, ser conquistado não se encaixa na maior parte do contexto atual da minha vida...pelo menos neste momento.

-Garçom, me vê a conta e um cafézinho.

Café é conquista. Conquista é Paixão. Paixão é Obsessão. Obsessão neste momento é pelo sabor extasiante do Café.

Bonne nuit.

Uma constatação

on 17 de março de 2011

A janelinha do msn laranja, piscante salta na barra inferior do Windows.
Um sentimento misto de felicidade, curiosidade e tristeza.
Sabe quando você chega em casa, está se sentindo carente e cansado e o seu cachorro vem correndo alegremente te dar as boas vindas?
E você resolve se enfiar debaixo das cobertas com pipoca, refrigerante e chocolate e fica fazendo carinho no animalzinho de estimação enquanto assiste a um filme?
E daí no dia seguinte... você chega em casa novamente, mas desta vez com mau humor e xinga o universo, esquece da existência do seu amiguinho, deixa-o de lado, não alimenta, ou pior ainda, dá um safanão?
E o cachorro não “aprende”... continua ali alegre e babão com a sua simples presença. Esquisito, não?! Relutante, eu aprendi.

on 15 de março de 2011

São 1h50 da manhã.
Meus olhos e minhas costas doem.
Encaro injuriada a minha barriga que cresce.
Não, não estou grávida. É comida e ansiedade mesmo.
Bocejo, estudei, mas não o suficiente.
Nem perto do suficiente, já não sei mais quanto é o suficiente.
Meu corpo não me obedece mais e já não tenho controle sobre as minhas vontades.
As formigas insistem em me importunar e eu insisto em matá-las com todo o ódio e frustração que venho acumulando.
As aulas da faculdade não são mais interessantes.
As pessoas não são mais dignas de qualquer tipo de atenção.
Tenho outros interesses, muito maiores e melhores.
É um individualismo e egoísmo feio e sem fim.
A tv já não me chama mais a atenção, é a canção de ninar para eu dormir fora do horário.
A internet me faz perder mais tempo do que devia num acumulo de cultura inútil.
Os livros ainda me fascinam, mas os seus tamanhos desestimulam.
Enfim, já não sei mais...


Bonne nuit...

Alheia

on 6 de março de 2011

[...]
Enquanto isso...em pleno feriado de Carnaval não pude conter o meu desejo de escrever sobre a minha atual situação indiferente frente a esta festa que pára todo o Brasil, como se todos os problemas fossem esquecidos ou como se eles jamais tivessem existido.
De forma particular, sempre gostei muito de Carnaval e de fantasias e de escolas de samba. Tive alguns carnvais bons, outros ruins, ainda não consegui “O Carnaval”, mas em futuro próximo eu o terei.
Poderia, neste exato momento, estar num rancho de uma amiga numa cidade do interior onde o carnaval é animado, poderia estar no Sul de Minas -dispensa comentário -, poderia estar descansando na minha cidade natal.... Mas não. Estou na cidade onde estudo lendo súmulas do STF de madrugada. Opção. No mínimo, estranha, curiosa, doentia.
Nunca me senti tão alheia ao mundo como neste momento, mas também nunca coloquei tanto assuntos da faculdade e profissionais a frente de todo o resto da minha vida pessoal. Hoje, por várias vezes, não atendi ao telefone, pois não queria me desfocar. Sabia que qualquer tipo de conversa, fosse com a minha família, fosse com amigos, me distrairiam, me fariam pensar, me preocupariam.
Não que eu não tenha me distraído com a internet e com a televisão que resolvi ligar no horário do jantar.
Em ultima analise, essa prioridade por assuntos técnicos é uma forma de me desligar de tudo que exija emoção, reflexoes profundas e um dispêndio de sentimentos.
Se serei ou não bem sucedida em algumas ambições de cunho profissional que estão por vir, eu não sei. Sei que inútil não terá sido todo o estudo e esforço, provavelmente terão outra utilidade.
Diferentemente de bebedeiras de carnaval, beijos perdidos, dignidade esquecida e por que não tempo perdido? Sim, uma festa bacana, mas tempo perdido quando existem outros sonhos em jogo.

Ser santa ou não ser

on 25 de fevereiro de 2011

"Neste Brasil de "cordialidades", a população, em sua maioria, confunde Sinceridade com Hipocrisia.
No sangue tropical, quente e "humano", os Sinceros são julgados como Falsos e Dissimulados, enquanto que os Hipócritas são tidos como Vítimas e Bons Amigos.
Já era de se esperar!
Para alguém ser aceito aqui, é preciso ter grandes turmas, amigos a rodo... distribuir sorrisos como se jogam confetes nas matinês de carnaval e confabular sobre a vida alheia junto ao seu círculo social. Hilário, não?!
No Brasil é assim, se eu gosto eu já amo, se eu não gosto tenho que fingir gostar.
Mas que sina tem este país de coração mole e de carnaval... compactuar com as máscaras!
Por isso é que eu digo, ser cordial não me integra. A política da boa vizinhança não faz parte do meu currículo!
Dou cá ou lá meus jeitinhos brasileiros para as coisas,
mas, ainda assim, Eu prefiro ter poucos amigos.
Minhas idéias e discursos correspondem aos meus atos...

Graças a Deus que eu não sou santa!!!"

Aliene Bonassi

on 19 de fevereiro de 2011


O telefone tocou...ouvi e falei...problemas e a solução aos meus se resumiu em uma simples palavra de origem árabe – MAKTUB – “estava escrito” ou “escrito nas estrelas”, sucintamente significa que de uma forma ou de outra estamos predestinados a despeito do nosso livre-arbítrio. Toda a minha preocupação, insegurança, tristeza sumiram e fiquei bem mais leve. Surpreendente e no fundo eu sempre soube disso, mas, as vezes, os sentimentos mundanos me tiram dessa calmaria nirvanística, fazendo eu me lembrar que sou bem humana, cheia de imperfeições e por isso sujeita ao sofrimento. Entretanto, magicamente, é só ouvir MAKTUB que o equilíbrio e a tranqüilidade se restabelecem.

Iogurte com cereal

Ao entardecer sentada na sargeta, embaixo de uma árvore... pensando na vida e esperando o ônibus que passa pela faculdade e pára na quadra da minha casa passar. Bate uma brisa suave que bagunça todos os meus pensamentos. Quanta coisa eu consegui em quatro anos longe do lugar onde eu vivi dezessete anos. Quantas pessoas entraram na minha vida a “atrapalharam” completamente, deixando uma desordem total e de repente, do caos apareceu uma ordem que só eu pude identificar. Quantas pessoas saíram, deixando suas devidas marcas, risos, lágrimas e das quais hoje eu me lembro, ora com raiva, ora com alegria. Quantos amigos e inimigos. Quantos amores e ilusões. Quantas conquistas materiais e como ser humano. Sou grata por tudo, e quero mais, muito mais, infinitamente mais. Incansavelmente quero dias de riso, de choro, de conquistas e de mudanças.
Inexplicavelmente, um barraco na faculdade, onde só faltou jogar uma lona para virar um circo, onde uns queriam arrancar os fígados dos outros, fez com que uma retrospectiva passasse em frente ao meus olhos. Retrospectiva como aquelas que dizem que temos antes de morrer, ou como aquelas que aparecem nos filmes. Foi muito rápido, queria ter vivido cada momentinho que já passou de uma forma mais demorada, observando todos os detalhes.
Acordei meio perdida, meio triste, meio cansada. Tentei inovar. Iogurte com cereal (argh, nunca gostei desse trem), tirando o preconceito, até que é bom para um café da manha desinteressado vendo um desenho besta que passa na televisão. Quando estou com esse misto de sentimentos estranhos, saio para gastar: roupas, sapatos, brincos, etc.
Saí com este intuito. De nada adiantou, as vitrines não me chamavam atenção. Contudo, o sol estava tão quente e gostoso que andei sem rumo, sentindo a minha pele queimar, sentindo olhos me observarem – Que que esta menina, bonita por sinal, está sorrindo a toa? –
Como não tinha com o que gastar, passei na padaria para comprar quitutes de todos os tipos e sabores, mesmo sem fome. Caminhei sem rumo até que me deparei com a praça da Matriz, onde encontrei a igreja fechada. Definitivamente não entendo esta cidade, nem os sentimentos que nascem e morrem aqui. Voltei para casa e sentei para desabafar todos estes sentimentos, todas estas coisas.
Bem besta a minha comparação, mas isso aqui é como a Penseira do Alvo Dumbledore, tiro tudo da minha cabeça para ficar mais leve e continuar seguindo em frente. Largo a memória aqui. Saudades destes tempos despreocupados de pegar um livro da série Harry Potter e ler do começo ao fim no mesmo dia, sem mais nada na cabeça.

Meu isopor novo

on 26 de janeiro de 2011

Podemos ir ao supermercado com a intenção de fazer uma compra grande ou pequena.
Via de regra, usamos cestinhas para as pequenas, mas hoje vou falar da compra grande.
Pegamos o carrinho e lá vamos nós pelos inúmeros corredores coloridos, cheios, apetitosos, atraentes... Vamos colocando o necessário e o desnecessário dentro do carrinho, as vezes, conscientes da “inutilidade” de certos produtos, mas nem sempre...
O que importa é comprarmos tudo o que precisamos e não precisamos para aquele mês.
O que importa é gastar e nos sentirmos felizes a curto prazo, e desesperados quando chega a fatura do cartão de crédito.
Aproveito e pego um isopor novo...aquele antigo lá de casa, deve ter uns 6 anos e não está mais conservando os alimentos... Enfio o isopor novo no carrinho abarrotado de compras, tão abarrotado que os produtos já estão pendurados, quase caindo...Sendo que há espaço dentro do isopor. Mas ele está embalado em um plástico. É novo. Não dá para abrir e simplesmente enfiar uns sabonetes e pastas de dente lá, produtos que estão caindo do carrinho.
É assim que tenho vivido nos últimos meses. Minha vida é um carrinho de supermercado. Vou encontrando cursos, afazeres, esportes, compromissos e enfiando lá...Na hora é excelente, só percebo o quanto isso me cansa nos finais de semana, quando não há mais forças.
Contudo ainda há uma caixola nova e vazia, o meu isopor novo, que não pode ser preenchido com qualquer coisa. É preciso o alimento certo, o alimento que deve ser conservado. Me “apaixonei” quatro vezes nos últimos tempos e, de verdade, não me apaixonei nenhuma. Era só uma tentativa de tentar preencher o meu isopor com sabonetes e pastas de dente. Caixola nova, porque a velha joguei fora. Utilizei o isopor velho dos 14 aos 20 anos, sempre esteve conservando alguma coisa...até que trincou e acabou quebrando. Precisei de um novo, mas este novo nunca foi preenchido. É inútil, porque pesa mais por estar vazio. Quero preenche-lo, porque isso me faz bem, mas não tenho expectativas positivas com relação a isso.
No final das contas descobri que não sou “apaixonável”, que não sou uma pessoa iludida, sou é carente. Aquela carente que não se assume carente, porque se acha superior a estes sentimentos terrenos. Aquela carente que não se acha carente, porque não tem tempo para isso. Aquela carente que só se descobre carente, quando a vida dá uma folga e ela percebe que ainda tem um vazio lá... Aquela carente que não se acha carente, porque para ela tal sentimento é novidade. De fato, só essa semana descobri este estado de espírito que até então me era desconhecido.