Matéria prima para escrever.

on 8 de outubro de 2013

E eu estava lá... Havia me distraído e quando percebi estava em meio a uma caverna escura, fria, com relevos rochosos pontiagudos. Não sabia da onde tinha vindo tampouco o caminho para sair dali. Tinha uma lembrança distante de um dia belo e da felicidade traduzida no canto dos passarinhos e no farfalhar das árvores. No meu âmago, sabia que sair dali seria mais fácil do que continuar explorando as trilhas estreitas que acabavam em grutas de águas cristalinas. Aos poucos a luz foi ficando escassa. Estava, enfim, sozinha, entregue ao meu próprio destino, a minha própria força, a minha própria vontade por sair dali ou a continuar a desfrutar daquela nova aventura que se apresentava. Caminhei sem destino, tomando cuidado com as rochas, tomando cuidado onde pisava, tomando cuidado para não me expor e ficar vulnerável aos animais que apareciam desavisadamente pelo caminho. Tomei todo o cuidado, precisava reservar forças, precisava conhecer os pequenos paraísos daquela caverna ao mesmo tempo em que precisava sair viva dali. Já estava cansada quando uma luz apareceu, era tão pequenina. Segui a luz, andei muito, já não tinha noção do espaço, agora, tampouco do tempo. Meus olhos, já não acostumados a claridade, doeram. Acharam estranho, quase não reconheceram o que era uma luz. Acostumaram-se aos poucos e quando perceberam, haviam se enfiado mais fundo naquela caverna e podiam admirar todo o espetáculo natural que se revelava a cada piscada. A luz iluminava todo o ambiente rochoso. Só agradecia, por não ter desistido e ter podido desfrutar daquele descanso para os olhos, daquele descanso para o meu corpo e para o meu coração, outrora tão desesperado e perdido em meio ao desconhecido. Águas azuis, águas cristalinas. Podia gritar e ouvir o eco da minha voz ao longe. E eu gritava... gritava um sentimento que não se traduz em palavras, provavelmente algo próximo a leveza da felicidade. Ouvia o barulho das águas e dos animais. Finalmente, podia me refrescar e descansar. No entanto, durou pouco. Muito pouco. O meu coração se desesperou e começou a bater aceleradamente, compassadamente, ocupava um espaço maior que o meu corpo, quando a luz, sem avisar, começou a ficar fraca. Não sabia para onde seguir, meus pés congelavam dentro das águas da caverna, uma brisa soprou forte e me fez tremer. A luz que começou como um ponto que aumentou e se fez em clareira, agora desaparecia sem dar nenhum referencial. Depois de ter visto lugares tão belos, sentido a plenitude de me desafiar e adentrar no labirinto daquela caverna, o que me proporcionou vistas e sentimentos incríveis... Após tudo isso, me sentia mais perdida e sozinha do que pela primeira vez que a luz tornou-se escassa. Estava cercada por lagoas azuis, sentia a pedra molhada sob os meus pés e estava mais fundo na caverna. Não sairia mais dali. Não tinha para quem gritar. A única resposta que obtinha era o eco da minha voz...o eco avisando que sempre estive sozinha comigo mesmo. As lágrimas e o choro secaram. O desespero ficou mudo. Não sabia para onde ir, a cada passo, me afundava nas águas. E se eu sentasse, esperasse... Esperar por o que?! Já não tinha tempo, nem espaço, nem ninguém. Eu já era uma lembrança para quem ficou fora da caverna e para os amigos dos quais me perdi no caminho. Se eu continuasse andando, morreria de cansaço, desidratada, por inanição, sofreria algum acidente em meio as rochas pontiagudas ou me afogaria. E se eu me acostumasse a viver ali dentro, no escuro, sozinha e comendo os animais que aparecessem pela frente? Bom, já era uma opção. Meus olhos já haviam se reacostumado ao escuro. Mas... e as lembranças?! Seriam meus fantasmas? Meus anjos? Seriam minha esperança de um dia, sem querer, assim como fui parar ali, conseguir encontrar uma saída? Bom, não sei. E essas escolhas caberiam somente a mim. Caberiam somente ao que restou do meu físico e do meu psicológico após essa aventura em meio a essa cadeia rochosa. Quantas não são as vezes em que me pergunto, o que poderia ter acontecido, se a curiosidade e a vontade não tivesse falado mais alto?! Se eu não tivesse me deslumbrado com a possibilidade de conhecer os fascínios das profundezas daquelas rochas?! Talvez ainda estivesse perdida, mas na beirada da gruta, provavelmente, me encontrariam, mais cedo ou mais tarde, me encontrariam. Agora que conheci tudo o que eu queria, me encontro perdida e longe da possibilidade de ser encontrada. Valeu a pena? Valerá? Talvez nem o tempo possa dizer. A história ficou, literalmente, gravada em rocha, agora era somente ela (já não eu) e as rochas.

Quando o seu maior pesadelo é sonhar...

on 17 de setembro de 2013

E mais uma vez permitiram com que eu sonhasse...e mais uma vez fui ludibriada. Mais do que isso me fizeram acreditar ser possível viver um sonho. Logo eu, tão calejada e já acostumada com pesadelos e noites mal dormidas. Pude por uma última vez encostar a cabeça no macio do travesseiro e deixar que Orfeu me levasse para longe, guiasse o meu subconsciente, o meu infinito particular... Um céu azul me protegia, um sol quente me fazia sorrir e flores embelezavam os dois lados da estrada de terra batida pela qual eu caminhava...Vislumbrei ao final uma luz que me chamava, uma luz que me aguardava de braços abertos... comecei a correr, corria loucamente, incansavelmente para abraça-la. Repentinamente, a estrada, sem avisar, sem placas ou indicações, se estendeu. Para minha surpresa, de modo surreal, duplicou de tamanho, triplicou e eu me tornei tão pequenina frente aquelas milhas. Pedras apareceram, ervas daninhas brotaram do chão e vivamente se agarraram aos meus pés, tentei escapar, tropecei, me machuquei e cai. A luz ficava cada vez mais distante, as flores murcharam, o tempo fechou. Esfolada, suja continuava a correr e a correr...de-sa-ten-ta-men-te. Tenta. Mente. Tenta ou Mente? E ouvi: tenta novamente! Almejando tão insandecidamente por aquela luz, não vi o buraco que se abriu a minha frente. E cai...cai...cai...e o buraco não tinha fundo, o chão não chegava. A queda foi longa, vi a minha vida passar, senti um misto de medo e paz. Sofri, mas no final toda a angústia havia se transformado em um grande alívio...alívio, pois não sonharia mais, tampouco teria pesadelos, meu fim chegara. NÃO! Ouvi: tenta novamente! Bati no chão duro e seco e o alívio foi embora. Encontrei-me em uma realidade marginal, podre, onde não havia espaço para sonhos, felicidade e para o amor. Encontrei-me em um mundo frio, cinzento, de pessoas más e calculistas. Voltei para o meu pesadelo, o local onde estou destinada a viver, ou melhor, a morrer, dia-a-dia. Ai de quem me permitir sonhar, ai de mim me permitir sonhar...o meu maior pesadelo é sonhar. O meu maior pesadelo foi encontrar em meio a esse mundo amargo e descrente uma ponta de esperança. Um pedacinho de sonho me acompanhou do paraíso para cá e agora me sinto responsável por cultivá-lo, não por mim, não pelos outros, mas porque algo tão belo não merece morrer. Antes de cair pelo buraco, uma florzinha branca se enroscou nos meus pés e sobreviveu a queda, sobreviveu a crueldade. Hoje ela é o meu maior pesadelo, pois me lembra todos os dias do quão gostoso é sonhar; hoje ela é o meu sonho, o sonho de um lugar melhor, mais bonito, mais leve, mais quente, mais doce, mais amável.

on 12 de setembro de 2013

Em meio a escuridão sentiu estilhaços humanos. Tomou os fragmentos com todo cuidado para não se cortar e juntou-os com todo zelo para não quebrá-los ainda mais. Sem saber, havia formado um mosaico que revelou uma constelação; que revelou um ser humano cheio de cicatrizes e belo nas suas contradições. Cada estrela desenhada naquele vitral brilhava sob a luz da esperança e refletia um colorido deslumbrante; cada estrela era uma história vivida e cada cor uma lição aprendida. Fecho os olhos e o meu infinito se apresenta em um céu iluminado, visível somente para quem já atravessou a escuridão, pois só encontra a felicidade quem já foi triste, só comemora a vitória quem já perdeu e só o tempo mostra a beleza desses opostos complementares.

É isso que te desejo

on 10 de setembro de 2013

Lá fora brilha o sol, Sol que aquece meu coração, Coração que pulsa inebriado, Embriaguez que outrora fora de tristeza, Tristeza hoje tomada por uma amizade. Então, pulsa agora inebriado de bem querer, Bem querer que arranca, despretensiosamente, um ou dois sorrisos, de repente, De repente, assim é o amor, Amor que seca lágrimas com palavras, Palavras que constroem sonhos, Sonhos com um quê de desejo, É isso que te desejo – amizade, bem querer, amor e sonhos. Lá fora brilha o sol e vou brilhar com ele, pois a tristeza de outrora não tem espaço junto ao meu bem querer.

Quando eu deixar Franca...Vou sentir falta...

on 30 de junho de 2013

De comer toda semana uns 2 bombons da DESEJO E SABOR – meus preferidos: camafeu e de morango; Do café do SEU ELI – cantineiro da UNESP; Da coxinha com suco de laranja do RAINHA – lanchonete universitária próxima a UNESP; Do capuccino gelado com chantilly do SR. CAFÉ na Praça Barão; Da ESTRELA: do café da manhã self-service, do capuccino quente com chantilly, do omelete de claras com ricota e peito de peru, do pão na chapa sem prensar e do lanche Persus, do patê de frango com cenoura e do de atum com ricota, do pão de mel, das luas-de-mel, dos mini-bolos de nozes e cenoura e da Ana-carolina de limão; Do ARROZ COM FEIJÃO e sua marmitex super generosa de 10 reais. De almoçar lá e comer risoto de limão siciliano, salmão com alcaparras ou molho de maracujá,da diversidade de saladas fresquinhas e bem preparadas, do picadinho de filé a quatro queijos; Do ESPAÇO VIDA E SAÚDE da HERBALIFE pertinho de casa; Do TEMPERO E BRASA concorrente do ARROZ COM FEIJÃO onde todos iam almoçar após uma festa de sábado e a fofoca corria solta; DO ALECRIM restaurante vegetariano super criativo e aconchegante; Do filé JK a meia-luz no BARÃO; Do BUTECO DO LÚ: das festas durante a semana, da feijoada de sábado, do rodízio de comida de buteco e das porções de cenoura; Da SAPATARIA DA PIZZA: a melhor pizza de panela, principalmente, da pizza de filé; Do PASTEL DO LÚ: o melhor pastel de carne seca com queijo de todos os tempos, do rodízio de pastel; Da FEIRA: do pastel da barraca do japonês, da água de coco, da garapa, da barraca de doces caseiros e da barraca do “Pague 10 e leve 7 sacos de legumes” Do GASPARINI e do comercial de pamergiana com batata fritas; Do BISTRO RETRO: do ambiente, das comidinhas mais gostosas e baratas da cidade; DO FISH e tudo o que tem lá que nos acompanha desde os primeiros anos da faculdade; Do POSTO GALO BRANCO que tem tudo e mais um pouco; Dos caldos (principalmente o de quatro queijos e a canja) do CITY POSTO; Do torresmo do bar CARETTA; Das festas UNESPIANAS; De estudar na biblioteca da UNESP; De ser conhecida pelo nome e bem tratada em boa parte desses lugares... Do FENG e seus temakis gigantes; De morar numa casa super fofa e bem localizada no centro de Franca, ao lado: a ) da PÃO NOSSO – padaria que tem os melhores salgadinhos de festa a um preço super justo, o pão mais fresquinho e saboroso, o pão de mel mais sublime e uma rosca de chocolate deliciosa; b) de uma loja de produtos natural - NATURAL E DIET; c) do salão de beleza onde sou cliente – EUDES BELEZA E ESTÉTICA; d) de um ponto de ônibus; e) de um XEROX barato; f) da academia que frequento há anos – ATLANTA; Conforme eu for lembrando, eu edito o documento. Não falo em amigos, porque estes estão no coração e nos acompanham em todos os lugares...

Reflexão adolescente sobre a cena da novela

on 28 de junho de 2013

Sim, de vez em quando, eu vejo novela. Hoje vi uma cena mais ou menos assim: dois amigos estavam sentados em uma mesa do bar conversando sobre paquera. Eis que entra uma ruiva bonita e um tanto sensual, um dos indivíduos lança imediatamente um olhar voluptuoso para o corpo da moça e diz ao amigo que vai “garantir” a noite. O indivíduo se aproxima da moça com um “ar maioral” e a aborda de uma forma, no mínimo, prepotente, se achando “o lindo” e antes que ela pudesse abrir a boca ele diz arrogantemente que vai “fazer um favor a ela e passar o número do telefone”. Uma cena a mais, uma a menos, uma grosseria a mais e outra a menos, ela simplesmente dá um fora no sujeito acompanhado de um banho de cerveja. Ao que o indivíduo reage gritando para todo o bar: CABELO VERMELHO DO DEMÔNIO, ENFERMEIRA DO INFERNO!!! Nisso eu lembrei que durante a adolescência/faculdade passei por algumas situações semelhantes aonde o indivíduo chegava elogiando da ponta do meu cabelo a unha do pé e até a beleza da minha alma. Ao ouvir um “não”, simplesmente dizia frases como “ah vc nem é tudo isso” ou “nem queria mesmo”. Sério mesmo que os homens pensam que vão conquistar as mulheres com frases e atitudes machistas e prepotentes?! HOMENS aprendam a abordar as mulheres e aprendam a levar “foras” com dignidade. As mulheres podem até ser maioria no mundo, mas o mundo está cada vez mais gay. Então, não pensem que tem mulher sobrando por aí... Com atitudes assim, o máximo que vocês vão conseguir são mulheres submissas, interesseiras, burras e que aceitam ser alvo de grosserias. Bom, talvez seja isso mesmo que vocês queiram né... Mas caso não seja, não tenham atitudes como as exemplificadas acima.

Um roxo na perna e um coração despedaçado

on 11 de junho de 2013

Aquelas 29 crianças não me deixaram dormir. Foi impossível deitar a cabeça no travesseiro e não ouvir a algazarra. Há quase um mês fui convidada pelo grupo de ensino, pesquisa e extensão do qual participo para dar duas oficinas sobre bullying (tema da minha iniciação científica junto a FAPESP e, consequentemente, do meu TCC) para os professores da rede pública de uma determinada escola. Deu um friozinho na barriga, mas aceitei, afinal do que adianta estudar e pesquisar e não colocar nada disso em prática?! A oficina será no 2º semestre. Eu adoro crianças, já trabalhei algumas vezes com elas e é sempre um novo aprendizado. É sempre uma experiência diferente. É sempre apaixonante e instigador. Para poder conversar “adequadamente” com os professores daqui há uns meses resolvi acompanhar a oficina sobre bullying que duas colegas ainda da graduação dariam para os alunos da 6ª série da mesma escola. O material preparado pelas meninas estava ótimo e, teoricamente, era para eu ser um sujeito passivo e observador, mas, chegou um momento que foi impossível não intervir. Deixando de lado como se desenvolveu a oficina, pois este não é o ponto deste texto... eu não consegui dormir e comecei a pensar: COMO fazer aquelas crianças se interessarem pelo tema? COMO fazer aquelas crianças se respeitarem? COMO fazer aquelas crianças ficarem em silêncio por 10 segundos e ouvirem algo? COMO fazer elas participarem? COMO fazer elas pararem de bater uns nos outros? COMO e COMO e COMO??? Estabelecer uma moeda de troca? Fazer dinâmicas em roda? Dividir em pequenos grupos com um “maior responsável”? Perguntas que, talvez, nem um pedagogo ou um professor experiente responda, porque se respondesse a educação no Brasil não estaria neste estado. É clichê falar que falta investimento na educação e, realmente falta, mas não é interesse do nosso sistema que todos recebam educação de qualidade. E, neste sentido, ouvimos professores desacreditados e cansados falando que “educação não é o caminho”. Se educação não é o caminho, qual é o caminho então? As respostas que possivelmente respondem a essa pergunta me assustam. Me senti uma tremenda irresponsável, pois para conseguir me aproximar das crianças conversei sobre a vida pessoal delas...perguntas desde “quantos anos você tem” até o “que você quer ser quando crescer”. Conversei principalmente com as meninas as quais me fizeram várias vezes a seguinte pergunta: “Quando você volta?!”; “Amanhã você estará aqui de novo?!” “Volta!!!” Ou ainda: “Tia, você gosta de dançar funk?!”; “Sabe fazer quadradinho de 8?!” Tentei estabelecer diálogo com os meninos mais arteiros e passei a compreender um pouco deles... Se você senta e conversa com eles, eles param a algazarra e conversam com você. O que falta é atenção e afeto pelo próximo. É triste, é muito triste você ver que são várias as crianças já na 6ª série que mal sabem escrever e, por isso, muitas vezes ficam intimidadas de participar de determinadas atividades. É uma realidade que poucas pessoas conhecem e com a qual eu tive contato algumas vezes, mas, vezes o suficiente para não me deixar encostar a cabeça no travesseiro e dormir. Me senti uma tremenda irresponsável, porque não sei quando voltarei lá para ver essas crianças de novo e, é claro, é cristalino, é óbvio que o que elas precisam é de atenção e alguém que “goste” delas, porque é claro que dentro de casa elas não tem e, muito menos, na escola. A maior parte das crianças é proveniente de famílias desestruturadas, pais drogados, presos, mães prostitutas etc. Ouvi histórias de arrepiar, mas que eu não quero e não posso reproduzir. Qual o ponto em você entrar na vida dessas crianças por 2 horas e “abandona-las”/nunca mais voltar/voltar depois de meses?! Desenvolver o projeto de extensão da faculdade?! Tentar mudar uma realidade de anos em 120 minutos?! Eu acho que mexer com vidas é algo bem maior e precisamos nos atentar a isso. Talvez, seja um “problema” meu que me apego facilmente, talvez não, talvez eu só esteja olhando a situação com uma sensibilidade maior, talvez eu não esteja preparada para esse tipo de trabalho voluntário... bom, não sei, fica a seu cargo leitor formar uma opinião. Ah...o ROXO NA PERNA foi porque um aluno jogou uma carteira e ela tombou bem na hora que eu estava passando na sala de aula. Eu vi que ele não percebeu, foi eu que estava desatenta com todo aquele contexto. O CORAÇÃO DESPEDAÇADO... é porque eu me senti impotente frente a “possível impossibilidade” de mudança daquelas crianças. Sim, eu estou triste e querendo abraçar cada uma delas e falar “Olha, não é bem assim, as coisas podem ser melhores, ok?” O CORAÇÃO DESPEDAÇADO... também é porque eu vi professores desacreditados. Eles são os únicos que não poderiam estar assim e eu sei que a culpa não é deles. É do nosso governo, são das famílias, é do meio social como um todo. Não consegui expressar metade do que eu queria aqui, nem metade do que aconteceu durante essas duas horas de oficina, não consegui expressar metade do que eu pensei, nem metade do que eu gostaria de escrever, porque é “simplesmente difícil” demais. É difícil tratar de algo que os livros não te ensinam, é difícil tratar de algo que foge totalmente do seu controle. Deixo este texto como um início de reflexão para todos... A única certeza que eu tenho é que NÃO PODEMOS DESISTIR DAS NOSSAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES. NÃO PODEMOS. p.s.: Desconsiderem eventuais erros de português, estou muito cansada e escrevi tudo isso tentando esvaziar um pouco a minha cabeça para tentar dormir. Egoísta, mas, talvez, por um bom motivo.

Reflexão sobre o dia em que perceberam a beleza da lua

on 28 de março de 2013

Sabe o que eu acho trágico?! Hoje, SOMENTE hoje, boa parte das pessoas resolveram olhar para o céu, admirar a lua e expressar tal sentimento por meio de uma rede social. E por que isso?! Não sei. Peço desculpas por tamanha incompreensão. Todos são livres para sentir e expor qualquer coisa e a qualquer momento - antes expor algo belo do que feio. Mas me incomodou... e incomodou por algumas razões: Incomodou porque ao invés de ficar por um bom tempo observando a lua, a primeira coisa que fizeram foi correr para uma rede social para compartilhar tal sentimento. Não entendi. Ok. Também recorro as redes sociais para expressar algumas coisas e, talvez, eu esteja sendo contraditória com este “argumento”... mas como sou livre, posso falar desse incomodo, talvez alguém entenda. Ou não. Incomodou porque lá de Franca, interior de São Paulo, eu admiro o céu todos os dias quando volto a noite da academia, e, quase sempre ele está muito estrelado e com uma bela lua - seja ela minguante, crescente, nova ou cheia. Não só a noite, mas a primeira coisa que faço ao sair de casa é contemplar o céu, esteja ele com um sol raiando, esteja ele cinzento permitindo que gotículas de água caiam sobre a minha face. É isso, é exatamente isso, que me dá forças para iniciar o dia e me lembra que acima de qualquer coisa eu sou humana e tenho uma Vida. Vida com letra maiúscula, porque os compromissos que assumimos sejam pessoais, sejam profissionais são sim importantes, mas antes deles preciso retomar as coisas simples e senti-las, pois são elas que garantem a minha felicidade e sanidade. E o que eu faço?! Eu agradeço, não sei se a aquele que chamamos de “Deus”, mas agradeço por estar viva e poder saborear essas sensações: dos raios quentes, das gotas frias, do luar inebriante. Creio que todos nós deveríamos fazer isso frequentemente e perceberíamos que hoje não é o único dia com uma bela lua no céu que merece ser exposto nas redes sociais. Perceberíamos que são muitos desses dias que passam despercebidos devido ao cotidiano enlouquecedor. Digo mais: o céu, o sol, a lua e as estrelas são bonitos todos os dias, só cabe a nós sabermos admirar a beleza sob ângulos diferentes. Talvez assim nossa vivência ficasse mais suave, pois quem pode dizer que não é belo viver sob um céu iluminado?! p.s.: Posso estar muito enganada. Talvez as pessoas façam o mesmo que eu e hoje, randomicamente, a maioria resolveu postar ao mesmo tempo sobre a beleza da lua. Se for isso, já me adianto com um pedido de desculpas.

Somos seres humanos, somos carentes de amor

on 19 de março de 2013

Nos últimos tempos tenho testemunhado uma série de situações as quais me levaram a refletir sobre a essência humana: o amor. Não raro em nossas relações interpessoais sejam elas um namoro, uma amizade, uma relação entre pais e filhos ou entre empregador e empregado, seja uma relação forçada entre pessoas que não são afins; não raro nessas relações o que é fundamentalmente levado em consideração é aquela vestimenta social que o indivíduo coloca para sair e para entrar em casa; aquela vestimenta que representa o seu papel na sociedade: ser namorado (a), ser amigo (a), ser filho ou pai, ser um desafeto. O essencial é deixado de lado ou até mesmo esquecido - o fato que somos todos seres humanos, que somos todos iguais e carentes de amor. As vezes, é preciso olvidar-nos das nossas “funções sociais” e, simplesmente, encarar-nos como seres humanos. Seres humanos permeados por fragilidades, imperfeições e sentimentos. Precisamos lembrar que ao mesmo tempo em que estamos em um momento de crise, o nosso semelhante pode estar passando pelo mesmo infortúnio e precisando da mesma atenção que reclamamos para nós. Devemos colocar o nosso individualismo em um segundo plano e tentar ler a alma do nosso semelhante para compreendermos suas aflições e buscarmos no nosso interior uma forma de amenizar esse sentimento. Não é difícil, basta pensarmos da seguinte maneira: O que nós gostaríamos de ouvir/ o que gostaríamos que fizessem por nós caso estivéssemos passando por essa determinada situação?! Claro, não resolveremos os problemas, mas, com certeza seremos tão bem vindos como um afago nos cabelos. Por fim, analogamente aos momentos de felicidade, porque não basta compreender a tristeza, precisamos saber reconhecer o mérito de uma vitória e compartilhar dessa alegria.

A guardiã do brilho das estrelas

on 12 de março de 2013

Sem grandes explicações prevalecendo a única certeza que quando duas pessoas estão destinadas a se encontrar isso ocorrerá, de uma forma ou de outra, nesta vida ou em outra. Sem grandes lamentações por este encontro, por vezes, se dar de forma dessincronizada, como se um caminhasse para um lado e o outro para outro, se reencontrando como no símbolo do infinito quando as linhas se cruzam unicamente no centro, mas em um movimento uniforme. Sem grandes expectativas porque é certo que encontrar equivalência espiritual é como achar um tesouro perdido. Sem medo porque há quem acredite em coincidências, há quem acredite em pré-destinação e há aqueles que acreditam que caso você esteja cumprindo a sua missão, o seu livre-arbítrio, mesmo recebendo sopros de paixões e vícios terrenos, te guiará para os melhores caminhos a serem descobertos. E também há aqueles que não acreditam em “nada”, neste caso resta respeitar, mas não perder tempo e palavras tentando persuadi-los de algo. Uma menina daquelas que tem um brilho especial, mas que em certo momento passava por algumas dificuldades, recebeu estrelas de Deus para guardar em um potinho. Deus disse para que ela não deixasse as estrelas fugir, mas que ela deveria desfrutar dos raios brilhantes e permitir que aqueles que os vissem também pudessem experimentar. As estrelinhas transmitiam uma incrível energia positiva. A menina não se surpreendeu, apenas passou a ter mais fé quando um dos anjos que já havia passado pela sua vida, apareceu novamente atraído pelas faíscas brilhantes dentro de um dos vários frascos da sua casa. O anjo experimentou aquela energia e a menina pode perceber que ela foi um instrumento... aquele anjo era muito bom para ela, mas Deus não tinha como recarregar as energias do filho alado, porque ele havia deixado o céu há muito tempo, desta forma, sutilmente, ele usou a menina que estava mais próxima de sua casa. Como sempre, o anjo foi embora, desta vez renovado, porque a menina já estava bem. Estava bem por saber que cumpria a sua missão, estava bem por transmitir o seu brilho, estava bem por saber que o seu anjo continuará fortemente zelando por ela, a guardiã do brilho das estrelas.

Devaneios do "Sofrimento"

on 12 de janeiro de 2013

Em meio a uma conversa meio sem pé nem cabeça pela internet... Em meio a um ambiente totalmente perturbado por uma campainha que soava incansavelmente e por um telefone que tocava desesperadamente... Em meio a uma conversa que começou com o assunto “arte” e terminou com o assunto “relacionamentos”... Em meio a uma vida cheia de acontecimentos inacreditáveis ou quase inverossimeis... Em meio a uma conversa onde cada um usava o outro como terapeuta para falar de experiências diversas... Em meio a toda esta conjuntura a palavra "sofrimento" veio à tona. [Houaiss] SOFRER v. (mod.8) 1 Trans.int. sentir dor física ou moral; padecer. 2 Trans. Ser alvo de (acidente, golpe etc.) 3 passar por (algo ger. ruim) 4 aguentar, suportar 5 int. ter dano, prejuízo – sofredor adj.s.m.-sofrimento s.m. Paradoxalmente minha sombra, já que há anos prometi que não mais sofreria por NADA, (E aí já me questiono: será que NADA merece um sofrimento?!) e, realmente, assim ocorreu, pois a intimidade com este estado de espírito é tão grande que não mais o abomino, mas convivo na mais perfeita paz com ele. Sem adentrar em demasia em histórias e sentimentos pessoais, esta realidade me fez levantar um sem-número de questionamentos. Já me disseram que não sofro muito, pois os meus 23 anos me ensinaram a ter um grande potencial de desapego... desapego das pessoas, das coisas, das situações. Mas não é verdade, pois eu me apego e gosto, como gosto. O apego é quente, o apego é acolhedor, o apego é vida, o apego é o céu e o inferno. Consoante Vinícius de Moraes “fiel a sua lei de cada instante; desassombrado, doido e delirante; numa paixão de tudo e de si mesmo”. A questão é que quando o sofrimento assombra, tenho uma “receita de bolo” para colocar a minha sombra na linha, para fazê-la acompanhar o meu ritmo quando a mesma está apressadinha querendo me ultrapassar. Em meio a estes questionamentos da madrugada quase “surtei”, pois precisava explorar a obscuridade de tais meandros, mergulhando profundamente na minha vida regressa, de modo que pudesse compreender o presente para ter um futuro melhor. Não sabia se escrevia um ode, uma apologia, um poema, um repúdio, um desabafo e aqui estou nesta reflexão sem sentido, sem começo, nem fim e que não vai me levar a lugar nenhum. Mais um texto para eu ler daqui uns anos e dar risada, chorar ou ver que está se repetindo. Hoje eu tenho “receitas de bolo” para curar sofrimentos... assim como tenho “receitas de bolo” para outras circunstâncias (Acredito que todos temos). Mas que tipo de sofrimento é esse que é curado com “receita de bolo”?! Isso não me parece certo. Veja bem, não disse que eu não sofro. Eu sofro, mas será um sofrimento de verdade? Será um sofrimento criado de propósito? Será sofrimento ou mera paixão pelo masoquismo? E mais, todas essas perguntas geram uma outra: Podemos graduar o sofrimento?! Porque a “quantidade” de sofrimento de hoje em circunstâncias parecidas com as do passado é muito menor. Então, chego a duas conclusões óbvias - de que é possível a graduação deste estado de espírito e que com uma simples “receita de bolo” você pode acabar com ele como uma ressaca curada após uma alegre bebedeira. E tudo isso me entristece, porque tudo isso desvaloriza os verdadeiros momentos que causaram o “sofrimento”. Tudo parecia muito mais verdadeiro quando não tinha a tal “receita de bolo”. Ou ainda: nada disso é sofrimento, é tudo capricho e eu nunca sofri de verdade, por isso é tão “fácil” superar. Talvez eu não conheça o real significado desta palavra. Será?! Quem sabe?! Talvez um dia eu saberei ou não. "A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem". (Pablo Picasso)

Só a vida sabe da vida

on 8 de janeiro de 2013

Quando a impaciência começa a bater, Quando o tédio começa a aparecer, Quando o coração começa a palpitar, Quando a mão começa a coçar... Sei que a hora de escrever veio me reencontrar. Começo com um clichê: Nunca diga nunca, tampouco duvide caso não possa contra provar. Hoje acredito em Santos, Hoje acredito em Anjos, Hoje acredito em milagres, Hoje acredito que o tempo é o Senhor da razão, Hoje acredito no impossível. E prossigo... Quando você se achar extremamente - complete com o adjetivo que melhor lhe convir - ou, Quando você achar que já fez tudo - complete com o verbo que melhor lhe convir, Não se engane... Só a vida sabe da vida. E ela é tão misteriosa E ela é tão cheia de veios e entranhas, E ela é tão cheia de retornos e desvios... Que é impossível ser ou viver extremamente alguma coisa. Tente. Duvido. Só a vida sabe da vida. E hoje a única coisa que eu sei se traduz em mais um clichê: que nada sei... Porque... Só a vida sabe da vida. E essa ignorância, e esse "não saber" é tão apaixonante que me encontro obcecada por cada pequenino detalhe do cotidiano: Um copo fora lugar, um cachorro latindo, uma brisa repentina, um sentimento novo, CA-DA PA-LA-VRA. É tão único cada segundo, cada idéia, cada ação, cada objeto... Não há como a vida ser ruim ou feia. Não há. É como se fosse amor a primeira vista, tudo, todos e qualquer "coisa" com a qual me deparo. E me pergunto: Loucura?!Talvez...mas, Só a vida sabe da vida.