Insatisfação Garantida

on 24 de maio de 2008

A noite se aproxima e trás consigo uma névoa de profunda reflexão que paira sobre o meu ser. Não há como me concentrar em nada mais que não seja traduzir os meus pensamentos em palavras. As idéias, os fatos que desencadeiaram este texto são: um grande amor passado, escolhas e tristeza.
Já pensei em escrever sobre o cotidiano engraçado, coincidencias curiosas e lembranças bizarras, mas por hora este não é meu estilo. Agora meus poros esbanjam um suor dramático e a poeira que se desprende do meu corpo é constituída de puro sentimentalismo.
Sou uma eterna insatisfeita. Tal característica pode ser analisada por prismas opostos. A insatisfação gera a necessidade de uma incansável busca por algo que lhe satisfaça, sendo assim os indivíduos portadores desse predicado descobrem caminhos novos e tesouros inimagináveis. Contudo, uma vez satisfeita a procura, voltam a ser insatisfeitos no mesmo âmbito ou em um outro. Isso porque a satisfação é êfemera, creem estes sujeitos que sempre visam uma "aventura" que os leve ao "Santo Graal" do momento.
O outro ângulo é que, via de regra, os insatisfeitos deixam passar desapercebidamente "coisas" importantes. Amizades, amores, objetos, lembranças, viagens e oportunidades. Isso se deve nada mais e nada menos ao medo de se vincularem a algo que possui 50% de chance de não lhes satisfazer no futuro.
Burro e cego pois tudo na trilha da vida acontece desta forma, através de escolhas deixamos para trás um futuro que poderia ser diferente. O burro parte para outra, pois acredita que sempre haverá algo melhor. Outro ponto que ele não entende é que uma experiencia frustrada no passado, não significa que a mesma irá se desdobrar igualmente no presente. Os tempos mudam, a água que corre no rio agora, não é a mesma que corre agora. (tentativa desastrosa de demonstrar movimento no texto)
Retomando...
E se não houver algo melhor?
É a pergunta que eu me faço todos os dias. Será que o que encontrei já não é o máximo? o resto não seria uma utopia? mas se é fruto da imaginação, ela está baseada em algo que já presenciei e se eu já o fiz ou já vi, não é algo impossivel de acontecer... devaneios sem fim.
No meu caso deixei passar um "grande amor" por medo de não viver e experimentar as delícias pecaminosas que o mundo pode oferecer a uma pessoas sem vinculos e longe do lar. Fiz uma troca, afinal naquele momento eu almejava, amava, me atraía mais pelas experiencias nunca vividas do que pelo meu amor densamente já conhecido.
A eterna insatisfação me proporcionou picos de alegria em todas as esferas da minha vida e me propiciou algumas escolhas infelizes.
Até hoje tenho dúvidas, não me resolvo.
Saberia eu viver sem os êxtases momentaneos em situacoes das quais eu teria que abrir mão? Saberia eu me satisfazer com "pouco"? (quero dizer, sem ficar procurando muito, não chega a ser uma alienação) Saberia eu escolher, sem ficar na eterna escolha? Saberia eu viver sem os grandes desafios dos insatisfeitos? Saberia eu viver sem um intenso amor?
Óbvio que todas essa perguntas, se respondidas afirmativamente, não comporiam um ser humano "normal", mas basta eu me perguntar uma delas para não encontrar a resposta. Insatisfeita até com o meu texto que não possui um desfecho.
O que eu amo? Creio que no momento talvez nem a mim mesma.

Agora, agora... agora não dá!

on 19 de maio de 2008

Hoje quem fala "agora, agora... agora não dá!" sou eu
Agora não dá para adiar
Agora não dá para ser a outra e nem mais uma
Agora não dá para ignorar
Agora não dá para ficar a mercê do destino
Agora não dá para querer ficar com você
Agora não dá para não te querer também
Simplesmente, agora não, não agora.
Um dia... ou não.

Meu hoje não é o amanhã

on 17 de maio de 2008

Começo a postar neste blogger hoje. Este não é o primeiro texto que gostaria que estivesse aqui, porém foi o que me encorajou a tornar público meus escritos. Este um tanto quanto pessoal. No geral meus poemas e textos costumam tratar de temas diversos, assim como a suas formas aleatórias.


Depois de um dia de cão, uma última palestra e uma última aula vem a calhar. O palestrante começa a explanar sobre a celeuma moral x ética e o professor sobre o tempo e capacidade de projeção. Me deparo com a frase de Ortega y Gasset (1883-1955) "Eu sou eu e minhas circuntâncias". Nada mais propício para um momento onde não há mais chão. De forma inesperada as pessoas falavam, me chamavam, eu ouvia, no entanto não conseguia me mecher e nem ao menos responder. Amigos e um desconhecido me levaram até um táxi, mais parecia com um caixão confortável, cheguei em casa e dormi. Acordei. Até entao estou refletindo sobre essas noites, nas quais irresponsavelmente os jovens, em pequenas parcelas, destroem seus corpos, na vã ilusão de que estão felizes, se divertindo, arrasando e conquistando corações, quando na verdade estão fugindo de problemas, tirando umas horinhas de folga e torrando dinheiro. Experiência própria. Futilidade. Exposicao demasiada da própria imagem. Sonho de que as pessoas são boas e não te julgaram, assim como você não o fará. Princípios e valores individuais violados. Sujeito aos próprios desejos. Deito a cabeça no travesseiro e ele é meu juiz. Rezo acreditando que os outros dias serão diferentes e realmente o são. Como dizia um dos principais filósofos do direito, Paulo de Tarso, " Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém". Queria eu um contrato para a minha vida, onde estivesse quase tudo delimitado, onde as normas e regras de conduta fossem reguladas de acordo com o tempo. Isso apenas porque o tempo é incerto e tal incerteza dá margem a probabilidades. Frente a estas não há estratégia anterior que me permita agir corretamente no acaso. O futuro é produzido, não há como antecipá-lo nem com cálculos matemáticos de projeção. " Estamos construindo hoje o futuro, só saberemos disso amanhã", escreveu João Cabral de Melo Neto. Tal conflito, tal texto só se deve à um fato que se desencadeia e se relaciona com todos os outros pensamentos humanos, o fato de que o tempo nos impõe uma estrutura conservadora, o tempo é conservador. Assim nossas decisões são tomadas de acordo com as coisas com as quais estamos familiarizados, de acordo com as escolhas da média do seu próprio meio. Esse é o problema, o meio. Aos poucos ocorre uma metamorfose invisível...
Termino este texto sem uma conclusão e insatisfeita, pois não sei até onde chegaria. Como em outras circunstâncias comecei em um ponto e terminei em outro, ou não terminei. Creio que o assunto não deva ser pontuado e que provavelmente nem haja como, já que se houvesse não seria um conflito.